domingo, 2 de dezembro de 2007

verdade cientifica

A verdade cientifica - em certo momento se julgou demonstrar. É um consenso entre pessoas. A verdade cientifica é dos cientistas, é donde está integrada. Para verificar se é cientifico, devemos fazer uma análise, uma revisão cega.

Logos – discurso, demonstrável, argumentável (encontra-se no cérebro todo)

Mythos – Narrativos fantasiosos – é um discurso que contem pronuncionamento final e definitivo. Mito é inerente ao homem.

Parabolé – Um tipo de discurso moral, para conduzir a vida para dar sentido à vida. Encontra-se no lobo frontal.

Um sistema é definido pela sua funcionalidade.

Um mecanismo é algo que faz, como que algo que transmita num só sentido.

A Moral é fundamental. Se não existir moral, como pode existir sentimento de culpa.

Um relatório de Investigação:

· É sobre o avanço da ciência

· As teses de doutoramento como contribuição do avanço da ciência.

· A ciência não deixa de ser sobre previsões, porque o que hoje é verdade amanhã poderá ser mentira.

· Discurso do Logos, demonstrável e argumentável.

Artigo Cientifico:

· É algo que propõe resolver um problema científico.

· Incentivar para uma determinada acção, não deixa de ser um problema científico.

· Um método expedito para resolver um problema.

· O melhor método expedito para resolver um problema.

· São teses, dissertações

· Tem quatro partes e alguns anexos

o Introdução

o Método (como é que se faz)

o Resultados

o Conclusão / Discussão

Um livro, uma tese, um artigo, tem um problema.

- Problema

- Revisão da literatura, é dirigida pelo problema, diz-nos o que fez. Os métodos o que fizeram. A revisão incide sobre os conceitos, modelos e teorias existentes.

Ciência, é um conjunto sistemático de conhecimentos. É, Saber.

Verdade é, quando os cientistas estão de acordo. É um conjunto de cientistas que operam os conhecimentos. Ao divulgar não se pode distorcer.

A verdade da ciência, é o consenso entre os cientistas.

Investigação

  • Titulo (tem que ser directo, pode ter subtitulo mas separado por 2 linhas do titulo)
  • Resumo (das quatro partes do trabalho)
  • Palavras-chave
  • Índice
    • Índice de gravuras se aplicável
  • Introdução (do Problema)
    • Revisão da literatura, conceitos, teorias, modelos, metodos
    • Hipótese (solução provisória) teórica
    • Previsão
  • Método
    • Sujeitos, a quem se incide o estudo
    • Instrumentos
    • Procedimentos
  • Resultados
    • Do geral para o particular. Ou seja, do mais geral, para o menos geral.
  • Discussão. Não há conclusões, existem aproximações
  • Referências bibliográficas
  • Anexos

Aconselhamento para Testes e Frequências

Enciclopédia Polis 2,664

Manual do estilo do público

Manual da publicação APA

Scientific american Mind

A internet trás superficialidade à escrita.

Conceitos, é uma noção do abstracto em geral. É uma coisa, construída.

Os modelos são diferentes de teorias. As representações, são associações de conceitos que interagem

O modelo é uma alternativa à realidade

Teoria tem regras à realidade, permite captar dados e certificar a teoria.

A denotação é aquilo que ele abrange (discriminação)

A conotação, a que está associado (vocação)

O para além das aparências, é muito importante.

Análise de uma obra literária

A análise literária não se reduz, pois, ao comum comentário do texto, trabalho colateral ao mesmo texto, que não vai até à sua essência, nem à sua explicação, nem ao mero estudo da biografia do autor. Deve ir mais além, abrindo caminho para a crítica, para a história, que investigará sobre o autor e os antecedentes da obra; e para a teoria da literatura, que extrairá da obra os princípios susceptíveis de formulação estética.

Uma boa análise de texto, isto é, de fragmento só pode ser realizada quando o todo, a que ele pertence, tiver sido perfeitamente interpretado.

Temos que perceber para além das aparências.

História clínica

É um instrumento da medicina, usa-se para doenças mentais ou questões de comportamentos que dependem largamente da sua cura do comportamento do sujeito.

É uma forma de reunir informação de um sujeito de uma forma sistemática,

Escrever uma história clínica é diferente de fazer história clínica.

O 1º passo, será saber o motivo da consulta, seja pelo internamento, seja por dificuldades no trabalho seja por outra coisa qualquer. O queixoso queixa-se ao técnico.

Pessoas toxicodependentes alcoólicos, têm mais dificuldade em contar as suas historias.

Numa história clínica, existe uma regra nunca mencionar o nome do paciente, deve-se optar por iniciais ou algo semelhante.

História Biográfica

Deve-se começar por:

· Identificação

· Depois pela história familiar doenças dos filhos, netos, pais e avós.

o Por vezes é necessário um genograma

o A mãe é sempre mais importante que o pai

o O núcleo celular onde se encontra o ADN, é materno

A mãe é sempre mais importante que o pai, porque +e sempre mais próxima da criança, o pai é periférico.

As relações iniciais são importantes devido a este aspecto.

Numa história começa-se pela mãe e vai-se à linha materna.

A mãe constitui com os filhos a família cerne (a mais intima), a família nuclear (é a mãe, filhos e o pais). A nível antropológico o pai pode ser substituído ao contrário da mãe, que é o cerne da família.

Em muitas doenças comportamentais, são devidos a doenças genéticas.

A personalidade é importante em termos de temperamento e carácter.

O carácter está mais relacionado com os outros e o temperamento mais ligado ao corpo.

Temperamento – muito activo ou preguiçoso

Carácter – Fingido ou mentiroso.

A ordem de nascimento, também é importante, os filhos mais novos são mais criativos, os mais velhos são pessoas com maior probabilidade se serem infectados com doenças.

Temos que verificar a relação existente entre irmãos.

Segundo os antropólogos, o único tabu universal é o incesto. A razão principal do tabu, é o facto de os irmãos crescerem juntos.

Tem-se que estudar os laços afectivos numa família. Exploramos isso em termos afectivos (onde se entende, quem se dá com quem , ou quem se dá mal com quem)

Temos os casos de famílias, que transmitem de geração em geração. De nome de adopção de institucionalização onde as crianças vão vivendo.

Temos que escrever uma imagem estruturo-funcional.

Estes são os pontos básicos de uma história de vida, depois as doenças que teve e de seguida o estado actual.

Resumos (um exemplo)

António Maia no texto de histórias clínicas de vida (2006), na dissertação de mestrado, defende que as fontes escritas em detrimentos das orais, porque, só o que é escrito são perpetuadas no tempo.

Considerado o significado de documento (documento; docer). As sociedades cientificas tendem a excluir…..

Tipos

  1. Tipo de texto – deverá ser um texto expositivo de uma dissertação, tese de mestrado realizado pelo Sr. António Maia., intitulado histórias de vida
  2. Fonte - foi retirado da internet. Um texto retirado da internet nunca sabemos se tem validade e ou fidelidade. A verdade da internet, tem que ser confirmada pela internet.
  3. Enquadramento disciplinar – Sociopsicologia, porque é mais da sociedade para o Homem. Um texto tem que ser visto na sua totalidade, se não enganamo-nos. Enquadra-se em Psicologia Social.
  4. Valor do Texto – é aquilo que o consumidor está disposto a pagar, ou seja é a informação que se consegue retirar do texto para nosso uso.
  5. Validade e fidelidade -

domingo, 25 de novembro de 2007

Aval. Psicológica (27pg)

Reticências quanto à avaliação Psicológica

Junto dos profissionais verifica-se uma atitude de receio e defesa em relação à avaliação psicológica. Esta é frequentemente considerada de uma prática conservadora.

No entanto parece evidente que a avaliação psicológica e os instrumentos de medida dos diversos aspectos psicológicos são imprescindíveis ao conhecimento e ao exercício profissional da psicologia.

Qual o motivo destas reticências em relação à avaliação?

1ª - Existe uma tendência para valorizar a intervenção em detrimento da avaliação

Mas como se pode intervir sem antes avaliar? Será que tem sentido colocar a avaliação e a intervenção como alternativas?

2ª Importância atribuída na psicologia às leituras contextuais ou situacionais do comportamento em detrimento das variáveis internas, do sujeito. Os testes psicológicos por natureza virados para a avaliação da internalidade, ressentem-se desta mudança de perspectiva.

3ª A avaliação psicológica identifica-se excessivamente com a psicotecnica e a testologia. De facto nos tempos áureos dos testes estes eram os únicos e exclusivos instrumentos de avaliação.

E os testes sofreram muitas contestações quanto ao seu rigor cientifico, fonte de enviesamentos na classificação dos indivíduos, medidas falaciosas, passando a serem vistos como uma perfeita futilidade – após terem sido completamente divinizados.

Ora as melhorias técnicas introduzidas e o maior esforço no desenvolvimentos de medidas psicométricas e a maior preocupação dos profissionais de incluírem os testes num processo maior de avaliação psicológica e portanto de relativizarem os seus resultados justificariam o fim do preconceitos e a inexistência de posições extremadas.

A perspectiva crítica dos testes também teve e tem um papel importante:

- permitiu questionar e relativizar posturas e procedimentos quer em relação aos métodos dos teste, quer em relação à prática mais lata da psicologia, como seja a prática quase virada para o diagnóstico, em vez de preocupações preventivas e promocionais dos problemas, do desenvolvimento e do bem estar psicológicos dos indivíduos.

- por outro lado levou a diversas reformulações dos testes e ao desenvolvimento de formas alternativas de avaliação psicológica. Formas mais informais e contextuais do ponto de vista dos procedimentos e de análise, isto é, mais do que conhecer o sujeito exclusivamente nos aspectos da personalidade e da mente, importa conhecer o sujeito em acção ou em situação, no seu mundo, na sua história de vida.

Desenvolveram-se assim metodologias de intervenção psicológica não estritamente individuais, mas envolvendo também o grupo e preocupações comunitárias.

Enfim, o movimento de contestação do método dos testes impulsionou a psicologia em geral, e a avaliação psicológica para uma maior interligação da avaliação à prática, uma maior atenção às situações de realização habitual dos sujeitos, uma maior valorização da avaliação do comportamento ligada ao indivíduo em si e às situações e uma intervenção com maiores preocupações preventivas e promocionais.

Contributos históricos

Galton (1822-1911) – que era primo de Darwin e que sofreu a influência deste

Obra mais importante: “Investigações sobre a faculdade humana e seu desenvolvimento”

Considerado o pai da psicometria e da psicologia diferencial.

Centrou a sua investigação sobre a hereditariedade da inteligência que pensava que era inata e hereditária o que o levou a defender a eugenia..

Criou um laboratório antropométrico em Londres que se tornou famoso.

Deu particular importância a medidas sensoriais, ou à discriminação sensorial, pois pensava que estas constituíam uma forma de avaliar a capacidade intelectual.

Principais contributos:

1-Fazer uma análise quantitativa das características e das diferenças humanas

2- Interesse pela recolha empírica de dados e sua sistematização

3- utilização da estatística para interpretar a informação – noção de correlação entre dados.

James McKeen Cattell (1861-1934)

Foi quem pela primeira vez utilizou o termo “teste” na literatura psicológica.

Binet (1857-1911)

É dele a famosa frase “inteligência é o que medem os testes”.

Interesse pela psicologia individual e pela avaliação da inteligência. Defendia que esta deveria ser avaliada segundo o rendimento dos sujeitos em diversas tarefas que impliquem uma variedade de processos mentais complexos e não por métodos sensoriais.

Considera que a avaliação de uma inteligência que tem uma origem social

Começou por avaliar processos como a memória, a atenção, a imaginação, a compreensão e a habilidade motora entre outras dimensões.

Com colaboradores desenvolveu um escala de inteligência que pretendia chegar à idade mental do sujeito (a que se chegava através da série de exercícios mais elevada que o sujeito conseguia resolver) a qual se comparava com a idade cronológica.

A versão mais conhecida desta escala é chamada de Stanford-Binet Neste se utiliza pela primeira vez o conceito de QI.

Problemas na escala

- problemas relacionados com conteúdos académicos, por isso era boa preditora do rendimento académico o que não é o mesmo que a capacidade intelectual.

- Nunca foi demonstrado que os comportamentos avaliados fossem representativos do que se pretendia avaliar, ie., capacidade intelectual

- A amostra utilizada no desenvolvimento da escala não era representativa da população a que se aplicou.

Conceito de avaliação psicológica

Conceitos próximos: testes psicológicos (psicometria), psicodiagnóstico, avaliação comportamental, exame psicológico

O psicodiagnóstico estaria muito ligado à detecção de patologias mentais – enquanto o conceito de avaliação colocaria ênfase nos aspectos positivos do comportamento humano.

Uma definição possível de avaliação psicológica seria “qualquer procedimento para fazer uma avaliação significativa ou uma diferenciação entre os seres humanos no que respeita às suas características ou atributos psicológicos” (Kelly, 1961)

Segundo Maloney e Ward (1976) avaliação psicológica implica três elementos diferentes: o problema de avaliar que deverá ser configurado adequadamente, a recolha de dados e a interpretação destes com vista à resposta ao problema.

“processo global que implica a recolha de informação acerca das pessoas para realizar predições e inferências, sendo os testes não mais que instrumentos de recolha de informação neste processo” Graham e Lilly (1984)

Goldstein e Hersen (1990) consideram que são muitos os caminhos para avaliar as diferenças individuais, um dos quais são os testes, mas também existem as entrevistas, a observação do comportamento em ambiente natural ou manipulados e o registo de variáveis psicofisiológicas.

A avaliação implica ainda a integração de todos estes dados em um relatório psicológico. Salienta-se a importância de produzir uma informação útil tendo em conta algum objectivo ou solicitação.

MODELOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

MODELO DA DOENÇA

Dentro deste modelo - fundamentalmente datado entre as duas guerras - o objectivo da psicologia clínica era realizar um diagnóstico do doente em função dos seus sintomas. O modelo parte do pressuposto que o comportamento pode-se explicar em função de variáveis endógenas, do substrato biológicos ou processos intrapsiquico. Portanto, comportamento em função do organismo.

O comportamento anormal é considerado como associado a transtornos orgânicos - alterações estruturais do sistema nervoso, pelo que o tratamento deveria ser essencialmente de tipo médico.

Criticas: utilização fácil de etiquetas diagnosticas para classificar os doentes, aplicando depois um tratamento estandardizado mais em função da etiqueta do que do próprio doente.

- não se consideram variáveis comportamentais, ambientas e cognitivas assim como as interacções entre elas.

- Falta de fiabilidade do sistema de classificação, do diagnóstico psiquiátrico – inexistência de acordo entre avaliadores.

MODELO PSICODINÂMICO

È sobretudo a partir de Ana Freud que se constitui um diagnóstico psicoanalitico centrado na avaliação dos estados do ego e seus mecanismos de defesa e adaptação.

O modelo psicodinâmico é um modelo organicista, na medida em que considera que são as estruturas intrapsiquicas que constituem as causas subjacentes do comportamento manifesto, e que têm lugar na mente sob a forma de desejos, pulsões, motivos e conflitos. È conhecida a importância atribuída às experiências infantis no comportamento posterior. Assim se interpretam os transtornos psicopatológicos como uma paragem na evolução psicosexual, como uma regressão e como uma fixação na fase não superada.

A avaliação e o subsequente tratamento deve centrar-se na actividade psíquica que não é directamente observável.

Neste modelo as técnicas de avaliação enfatizam a liberdade de resposta, pelo que são fundamentalmente procedimentos não estruturados através dos quais se inferes dados relativos a conflitos conscientes e, sobretudo, inconscientes. Por isso os testes projectivos são preferidos por muitos psicanalistas, porque através da estruturação do material não estruturado os indivíduos manifestariam os seus conflitos. E são instrumentos que se prestam a respostas livres.

Veja-se que a fiabilidade do instrumento é de pouca importância – como de resto a literatura mostra que são pouco fiáveis os testes projectivos – O que importa é a sua capacidade de produzir respostas com interesse para a interpretação do psicanalista.

Neste modelo, em boa verdade não é possível comparação inter individual e em bom rigor não pode ser considerado um conhecimento científico dado que é impossível verificar os construtos que se postulam.

Modelo Psicométrico

O modelo remonta aos trabalhos clássicos de Galton e Binet e ao consequente interesse pelo estudo das diferenças individuais.

A evolução do modelo até aos nossos dias tem sofrido altos e baixos. Depois de um período de grande expansão foi alto de fortes críticas vindas da própria avaliação psicológica ou mesmo da sociedade em geral.

O modelo recebe diferentes denominações em função de se pretender realçar os seus fundamentos metodológicos (correlacional), sua relação com a medida psicológica (psicométrico), seu interesse pelas diferenças individuais (diferencial).

Do ponto de vista teórico o modelo considera que o comportamento é determinado pelas características intrapsiquicas ou orgânicas (capacidades, interesses, traços) que diferenciam uns sujeitos de outros. Portanto o comportamento é função do organismo.

O modelo pressupõe que todos os sujeitos possuem em maior ou menor medida variáveis que são consistentes e estáveis ao longo do tempo e das situações.

Uma vez sabido quais as características que se quer medir constroem-se os instrumentos para avalia-los e conhecer a sua distribuição numa mostra representativa da população.

Conhecida esta distribuição e conhecida a pontuação de um dado sujeito, este pode ser classificado com respeito à população, i.e., em que percentil se situa.

O objectivo do modelo é a descrição das diferenças individuais, mas o seu objectivo fundamental é a predição do comportamento em contextos diferentes do da avaliação, o que pressupõe a estabilidade das características e traços avaliados. Por isso o modelo psicométrico é dos mais utilizados na selecção de recursos humanos.

Críticas:

  1. utilização desmedida e indiscriminada de testes, ignorar os contextos em que os indivíduos vivem. Os testes chegaram a ser considerados instrumentos pseudo-científicos que ajudavam a perpetuar as desigualdades sociais a diferenças de classes e a hierarquização da sociedade.

No entanto nos últimos anos o melhoramento dos procedimentos de análise estatísticas, o desenvolvimento da teoria de resposta aos itens, melhores testes no sentido de apresentarem uma mais adequada relação entre a medida é o critério supostamente medido, o interesse pelo estudo da personalidade através do modelo dos cinco grandes factores renovaram a importância do modelo psicométrico.

MODELO COMPORTAMENTAL

As origens do modelo encontram-se nos trabalhos de Pavlov,Watson e Skinner.

Pode-se distinguir entre um comportamentalista metodológico e um comportamentalismo radical.

O primeiro que o comportamento pode estudar-se sem o exame directo dos estados mentais, aceitando-se estes de forma inferida. A investigação da consistência teórica se baseia em variáveis mediadoras utilizando-se o método dedutivo. Por isso é possível para este comportamentalista utilizar conceitos como livre arbítrio, auto-controlo, cognição etc.

Por seu lado o comportamentalista radical não aceita os estados mentais como proposições úteis, como consequência é anti-mentalista e defende a comprovação formal das hipóteses.

Características de modelo comportamental no que respeita à avaliação:

  1. a avaliação se baseia nos princípios teóricos da psicologia da aprendizagem,
  2. se definem de forma operativa cada um dos elementos objecto de avaliação,
  3. A avaliação comportamental permite uma descrição precisa e objectiva do comportamento
  4. o processo, os objectivos e os métodos devem especificar-se com precisão para que seja possível a replicação
  5. coloca-se a ênfase nos determinantes actuais do comportamento e não nos determinantes históricos
  6. a avaliação é continua, centrando-se na identificação das condições que controlam o comportamento
  7. o comportamento anormal não se considera qualitativamente distinta da normal, já que ambos se podem explicar segundo os mesmos princípios
  8. coloca-se a tónica na mudança do comportamento manifesto como principal critério para avaliar o sucesso do tratamento
  9. a avaliação centra-se em comportamentos explícitos e não em causas subjacentes hipotéticas
  10. a avaliação está estritamente relacionada com a intervenção.

O método básico do modelo é de carácter experimental. Dado que o objectivo do modelo é a alteração do comportamento e a avaliação se realiza ao longo de todo o processo de intervenção, verificando as hipóteses funcionais, comprovação das alterações produzidas nos comportamentos objecto de estudo depois de aplicar o tratamento.

A metodologia básica se centre nas comparações intraindividuais (idiográficas) entre diferentes momentos do processo.

Críticas: limitar a avaliação ao comportamento observável e defender um enfoque exclusivamente ideográfico.

MODELO COGNITIVO

Nesta perspectiva o comportamento é determinado por dimensões cognitivas da pessoa. Por isso os objectos de avaliação são as estruturas mentais e os processos ou estratégias cognitivas que medeiam entre os estímulos e as respostas.

As variáveis cognitivas determinam o resto do comportamento, quer dizer, passam de variáveis dependentes a variáveis independentes.

O avaliador cognitivo centra-se muito nos processos, por exemplo, o que acontece no sujeito quando ele adquire informação nova e como a processa e a transmite.

MODELO HUMANISTA

Segundo esta perspectiva o comportamento do sujeito é determinado pela sua percepção do mundo. Assim, a introspecção e a subjectividade constituem os elementos centrais. Só se pode perceber uma pessoa realmente quando nos colocamos no seu lugar para perceber o mundo a partir dela mesma.

O modelo humanista tem a personalidade como principal objecto de estudo, como algo global pelo que não se coloca ênfase em variáveis isoladas.

Porém, neste modelo os postulados e os conceitos são pouco científicos, constituem simples e vagas descrições pelo que resulta difícil que se gere hipóteses verificareis que de resto não parece incomodar nada os psicólogos humanistas.

Na avaliação utiliza-se a observação e a auto-observação ainda que posta em marcha através de entrevistas como marco da relação. As técnicas subjectivas para a avaliação dos constuctos pessoais são próprias deste modelo, assim como análises de conteúdo aplicado a técnicas psicobiográficas e às narrativas pessoais.

O âmbito de aplicação por excelência é o clínico, onde se propõe uma visão unitária da personalidade.

Paradigma CONSTRUTIVISTA

Como consequência da diversidade presente aqui propõe-se não um modelo mas um paradigma que aglutina diferentes teorias com uma base comum: a visão do homem como ser construtor de sua própria realidade e, cada pessoa constrói sua própria e única percepção da realidade.

Incluem-se a teoria dos constuctos pessoais de Kelly, a reconstrução narrativa de Gonçalves etc etc unem-nos a oposição a uma epistemologia positivista.

O modelo defende que os sujeitos criam activamente suas próprias realidades, nesta perspectiva existem muitas realidades socialmente construídas, elaboradas pelas pessoas com vista a dar sentido às suas experiências.

Não podemos afirmar a validade do conhecimento mas apenas a sua viabilidade isto é , as consequências que tem para o sujeito e grau de coerência em relação ao seu sistema pessoal

O conhecimento humano é interpessoal, evolutivo e proactivo, antecipa a realidade.

Os seres humanos são sistemas caracterizados por um desenvolvimento auto-organizativo que procura proteger e manter a coerência e a sua integridade interna.

Para o construtivismo o determinante básico do comportamento é a pessoa entendida como o conjunto ou sistema de crenças que construiu a partir da sua experiência com o meio. O ser humano não é passivo nem está determinado mas antes é activo e antecipatório. Portanto, a psicoterapia não tem como objectivo a alteração de crenças irracionais como no enfoque mais cognitivo-comportamental, mas a reconstrução conjunta entre cliente e terapeuta em interacção de uma nova forma de perceber o mundo e a si mesmo.

As variáveis objecto de avaliação são os sistemas de constuctos pessoais e as narrativas pessoais do sujeito.

O método básico deste paradigma está fora do campo científico positivista e dentro de um proceder hermenêutico e dialéctico.

A avaliação do sujeito é um processo construção que surge da interacção avaliador-avaliado.

Criticas

Adopção de uma postura à margem da ciência positiva.

Existirem teorias muito diversas dentro do próprio paradigma

CONFLUÊNCIA DE MODELOS

Ante a confluência de modelos cada vez mais autores e clínicos adoptam uma postura

a) eclética, isto é, utilizar qualquer técnica que possa ser útil na prática independentemente do modelo teórico de partida ou

b) adoptar uma postura integradora como seja a aplicação de princípios de um modelo a um outro modelo (eg, princípios psicometricos ao modelo comportamental)

c) adoptar uma postura interdisciplinar , a qual permite a colaboração entre diferentes modelos.

a) Ecletismo

Fala-se de um ecletismo técnico que consiste na selecção de um conjunto de técnicas independentemente da teoria de onde são provenientes. Talvez um teórico não possa ser eclético, mas um clínico não pode deixar de o ser se quiser servir os seus doentes.

No entanto, alguns autores criticam as opções clínicas sem suporte teórico. Alguns consideram que a investigação sistemática é a melhor estratégia tanto para a teoria como para a prática. A informação mais útil para a prática é aquela que foi acumulada de forma consistente dentro de um quadro teórico.

O ecletismo também pode ser uma grande trapalhada par aquém não sabe para onde vai, nem o que é, não tem rigor teórico nem metodológico.

b) Integração:

Outra opção perante a diversidade se abordagens é tentar a integração. Mas tentar a integração pode significar tentar juntar o que é fundamentalmente diferente. Integrar significa procurar os aspectos comuns, unificando as partes com vista a criar algo de novo que é algo mais que a soma das partes – com isto se diferencia do ecletismo.

Em boa verdade a ideia de integração é contra natura nas ciências sociais onde sobre qualquer tema existem uma boa mão cheia de modelos.

c) Interdisciplinaridade

Uma terceira opção é a interdisciplinaridade que pode definir-se como a convergência de duas ou mais disciplinas para o conhecimento de um objecto comum. A interdisciplinaridade permite tornar compatível a especialização inerente ao actual conhecimento científico com a complexidade dos fenómenos que são estudados.

A interdisciplinaridade tem levado ao desaparecimento das fronteiras que separam as diferentes disciplinas.

Isto não é contrário ao processo paralelo de especialização pois interdisciplinaridade implica também especialização mas ao mesmo tempo colaboração.

Distinção entre multidisciplinaridade e interdisciplinaridade

PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A informação que se obtém através da avaliação psicológica está determinada por muitos factores um dos quais é o processo que se segue para realizar a avaliação.

A avaliação psicológica realiza-se através de um processo em que se recolhe informações sobre um sujeito e na qual se tomam decisões.

A concepção da avaliação psicológica como um processo distingue-a da simples aplicação de testes. O avaliador utiliza muitas outras técnicas diferentes dos testes e a aplicação destes não é mais que uma fase de um procedimento que conduz à resolução de um problema.

O processo de avaliação tem muito de semelhante, implícita ou explicitamente, ao método científico. O avaliador observa, formula hipóteses, comprovo-as ou rejeita-as e intervém e os resultados obtidos retro alimentam o processo até se conseguir os resultados desejados.

O processo de avaliação inclui diversas fases, ainda que não exista consenso total a este respeito.

Alguns autores consideram que o processo de avaliação é determinado pelo objectivo da avaliação

Processo de avaliação tradicional.

Caracteriza-se pela não inclusão do tratamento ou intervenção – diferentemente do que faz a avaliação comportamental.

A avaliação pré-tratamento pode decompor-se nas seguintes fases:

1. recolha de informação preliminar

recolha de informação, precisão do motivo da consulta e decisão se é ou não pertinente uma intervenção. A informação recolhe-se de forma sistemática, pelo que se utilizam técnicas como a entrevista semi-estruturada, recolhendo dados sobre o sujeito, o contexto social e ambiental, familiar, Uma vez organizada a informação decide-se se tendo em conta o motivo da consulta se há matéria para intervenção nossa ou de outros profissionais.

  1. Formulação de hipóteses

Feita segundo o método indutivo, partindo da informação recolhida elaboram-se hipótese de abordar o caso. A interpretação implícita desde logo deve ser flexível, já que há medida que se avança na avaliação vão aparecendo novos dados que implicam releituras da situação inicial

  1. Planificação da avaliação

Uma vez operacionalizada as hipótese passa-se para a fase de selecção dos instrumentos de avaliação mais adequados. Pode optar-se por instrumentos mais gerais ou por instrumentos mais específicos

4. Exploração e interpretação

Aqui realizam-se as avaliações e comprova-se as hipóteses colocadas no início. A verificação das hipóteses será tão mais rigorosa em função do tipo de técnicas utilizadas para testar as hipóteses. È pois importante que os instrumentos utilizados ofereçam garantias científicas de fiabilidade e validade e representatividade, as condições em que se aplicam etc.

  1. Juízo diagnóstico

A partir dos dados recolhidos chega-se a uma formulação sintética que permite deduzir conclusões dirigidas até à planificação de medidas de acção (orientar, seleccionar, propor um tratamento) –

Este é um processo de tomada de decisão. Por isso comporta a possibilidade de se cometerem alguns erros a que é preciso estar atento:

1. Influência de ideias pré-concebidas.

2.Tendência a fazer maior utilização da informação que confirma as hipóteses,

3. Efeito de primazia – i.e., sobre estimar o valor diagnóstico da primeira informação, ou efeito de recencia dando maior valor à última informação.

4. Um sistema aberto de hipóteses pode facilmente tornar-se na verdade fechado devido ao maior crédito concedido a uma hipótese.

5. Falta de consciência da natureza do próprio processo de tomada de decisão e dos erros a que estás sujeito, p. ex. “erro fundamental”.

6. Relatório dos resultados

Deve permitir informação ajustada, rigorosa e estruturada dos resultados e dos procedimentos seguidos na avaliação.

Na sua redacção, quer em termos de linguagem, quer de conteúdo, deve-se ter consciência a quem ela se destina: um outro profissional, o próprio sujeito ou familiares etc.

Sempre que pertinente o relatório deve incluir recomendações sobre como orientar ou intervir em relação ao tema ou sujeito que é objecto de avaliação.

Processo de Avaliação Comportamentalista

O objectivo da avaliação é a alteração do comportamento – este facto exige hipóteses funcionais. A avaliação e o tratamento são duas partes inseparáveis da intervenção não só no modelo comportamentalista, mas aqui esta interdependência é mais relevante ou mais íntima.

Fases principais do processo:

  1. Selecção e descrição dos comportamentos problema.
  2. Selecção das técnicas de intervenção.
  3. Avaliação dos efeitos da avaliação

Godoy (1991) Propõe com maior pormenor as seguintes fases:

a) Análise do motivo da consulta

- identificação clara do problema real do cliente: queixas e pedidos.

b) Estabelecimento das metas últimas do tratamento

- Quais são os critérios para que um tratamento seja considerado um êxito. As alterações conseguidas devem ser clinicamente relevantes, dando solução ao pedido do cliente.

c) Análise dos comportamento problema

- Identificar as queixas: o que quer eliminar.

Os Pedidos: que capacidades e competências pretende adquirir.

-- Para delimitar os comportamentos é necessário operacionaliza-los em termos comportamentais.

d) Definição dos objectivos terapêuticos

- Selecção de comportamentos susceptíveis de serem modificados

- Estabelecimento de prioridades na selecção dos comportamentos objectivo: às vezes basta trabalhar sobre o comportamento chave para que se altere os outros num efeito de dominó.

e) Avaliação dos resultados dos tratamentos

- Obter informação acerca da magnitude e direcção das alterações

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

Conceito e objectivos

Algumas definições:

“documento escrito que serve para compreender algumas características da pessoa e suas circunstâncias, com o objectivo de tomar decisões e de intervir positivamente na sua vida” Tallent (1983)

“é uma comunicação oral ou escrita através da qual se informa dos resultados da investigação efectuada, dando resposta aos objectivos considerados pelo sujeito, por outro profissional ou entidade” Ávila,Ortiz e Jiménez (1992).

Factores comuns presentes em todo o relatório psicológico:

1. Comunicação oral e escrita

2. Apresenta uma síntese da avaliação efectuada

3. Indica um tratamento mais adequado ou recomendações de actuação

4. Fornece uma resposta aos motivos da consulta ou aos objectivos considerados por quem o solicitou

Tipos de relatório de avaliação psicológico

Relatório ou Informação Oral

Consiste na comunicação ao sujeito em uma ou mais entrevistas ou consultas ou sessões dos resultados da avaliação que ocorreu e das recomendações terapêuticas.

Esta comunicação constitui o conteúdo básico da denominada “devolução da informação” dentro do processo de avaliação.

Entende-se por “devolução da informação”a comunicação verbal discriminada que o psicólogo faz ao cliente, a seus pais ou a outros familiares sobre os resultados obtidos durante o processo de avaliação do próprio sujeito e sobre o tratamento mais adequado deste.

Esta devolução é um processo dinâmico que não deve obedecer a regras rígidas ou estandardizadas. A devolução de informação ocorre no âmbito da relação psicólogo-cliente, portanto não deve ser encarado, a maior parte das vezes, como a comunicação de resultados estáticos.

O comportamento do sujeito, as suas reacções perante a informação, o surgimento de novos dados etc, podem levar a uma alteração do decorrer da entrevista, assim como complexificar e afinar as opiniões anteriores do psicólogo permitindo emitir um diagnóstico, um prognóstico e uma orientação terapêutica com maior certeza.

Como começar uma entrevista de devolução de informação?

Talvez pelos aspectos mais positivos e adaptativos do sujeito – começar pelas boas notícias e ir incluindo os aspectos mais disfuncionais e patológicos.

Numa outra perspectiva talvez seja também menos doloroso e menos gerador de ansiedade começar pelos aspectos intelectuais e cognitivos e só depois passar os aspectos emocionais… mas enfim será melhor ver caso a caso, também em função do motivo da consulta.

O relatório escrito

Relatório baseado na teoria

São aqueles que organizam a sua exposição a partir dos postulados teóricos de uma perspectiva psicológica: psicodinâmica, comportamental etc. O enfoque, as técnicas e a terminologia e a linguagem será a própria da teoria que o avaliador professa.

Relatório baseado nos instrumentos utilizados

São os mais utilizados, no fundamental apenas contêm a descrição dos resultados obtidos pelos instrumentos aplicados. Podem ser impessoais e no limite não contêm mais do que comentários produzidos mecanicamente pelo programa que trata os dados em função da pontuação obtida pelo sujeito naquele instrumento - a ser assim de pouco serve.

Relatório baseado no problema considerado

Está desenhado em função dos objectivos e dos problemas objecto de avaliação e que constituem o motivo da consulta considerados pelo sujeito.

São relatórios específicos, orientados para facilitar a tomada de decisões e a intervenção. Este relatório permite construir um modelo psicológico funcional e dinâmico da pessoa avaliada.

Tipos em função dos objectivos práticos do relatório

O relatório técnico

Trata-se de um relatório com uma precisão técnico-científica que dá conta do processo de avaliação realizado – quer os dados obtidos quer a sua valorização. Discussão e integração em um todo consistente, de forma a facilitar a tomada de decisões e a intervenção pertinente. O seu destinatário é um outro técnico e nunca o sujeito objecto de avaliação.

O relatório pessoal

È o relatório ao sujeito (ou familiares) objecto de avaliação. Escrito numa linguagem coloquial, limitando-se o seu conteúdo ao mais relevante e pertinente tendo em conta o pedido da consulta e o seu motivo. Idealmente a entrega de um relatório escrito deve ser acompanhada por uma entrevista pessoal que permite explicar devidamente os resultados, evitando mal entendidos e perceber o efeito que produz a informação transmitida m termos de ansiedade.

Relatório para fins oficiais

Trata-se de um testemunho documental que o psicólogo presta a pedido de um cliente ou instituição. È um documento centrado no seu objecto. È um documento datado isto é, informa-se aqui e agora. É breve, conciso e está referido a um fim determinado.

- para fins de concessão de reforma, de baixa etc.

Características fundamentais do relatório psicológico

  1. o relatório é parte e resulta do processo de avaliação psicológica
  2. deve ser relevante quanto ao seu objecto e ao seu conteúdo
  3. deve ser necessário, ter um propósito definido
  4. deve ter utilidade, deve permitir tomar decisões
  5. deve ser rigoroso, verdadeiro e objectivo
  6. deve ser personalizado
  7. deve ter coerência interna, tanto na sua redacção como no seu conteúdo

Pontos básicos que devem ser incluídos num relatório psicológico

  1. Dados de identificação

  1. Motivo da consulta

  1. Instrumentos utilizados

  1. Comportamento observado

  1. Resultados dos instrumentos

  1. Integração dos resultados

  1. Diagnóstico e prognóstico

  1. Recomendações terapêuticas

  1. Dados de identificação

Nome, idade, sexo, estado civil, nível de escolaridade, profissão

  1. Motivo da consulta

Motivos: queixas e pedidos. Veio por iniciativa própria ou enviado pelos pais, professores

  1. Instrumentos utilizados

Instrumentos psicométricos aplicados e apresentados pela ordem com que foram aplicados

  1. Comportamento observado

Comportamento verbal e não verbal durante a consulta e na aplicação dos instrumentos

  1. Resultados dos instrumentos

Vectores intelectuais: nível intelectual e factores cognitivos, não só os resultados numéricos, mas fundamentalmente a interpretação qualitativa dos mesmos.

Vectores emocionais

Aspirações e interesses do sujeito

  1. Integração dos resultados

Integração dos resultados a história do sujeito de forma a se poder ter uma compreensão completa do caso

  1. Diagnóstico e prognóstico

Conclusão baseada na integração formulada acerca de cada ponto anterior

Devem-se evitar etiquetas diagnosticas que reduzam a realidade do comportamento humano a uma definição estática

Predições sobre a evolução que o sujeito apresentará no caso de tratamento ou em caso contrário

  1. Recomendações terapêuticas

Tendo em conta o diagnóstico e o prognóstico se realizam as recomendações terapêuticas que se consideram convenientes

Proposta de Maloney e Ward (1976)

Nome do Psicólogo____________

- nome, idade, sexo, estado civil, profissão

1. Dados pessoais

- Natureza do problema

- Objectivos básicos

2. Questões de referência e objectivos

3.Dados biográficos

- instrumentos utilizados, e resultados obtidos

4.Procedimentos de avaliação



- Observações efectuadas durante a avaliação e atitudes observadas


5. Comportamentos e observações

- Capacidades intelectuais,

- aptidões, afectividade, contacto social, motivação, nível de aspirações, outros resultados

6. Resultados e Integração

7.Recomendações e linhas de intervenção

8.Síntese final

Classificação dos testes de avaliação psicológica

Classificação de Pevin (1980)

1. Testes projectivos – São considerados pela corrente psicodinâmica, como particularmente sensíveis para revelar os aspectos inconscientes do comportamento, permitindo provocar uma grande variedade de respostas subjectivas, muito ricas com o mínimo de conhecimento por parte do sujeito do objectivo do teste.

São testes multidimensionais,

Este tipo de teste ancora no marco teórico das teorias psicodinâmicas da personalidade.

A teoria subjacente é que quando deparamos com um material ambíguo, projectamos as nossas necessidades, desejos inconscientes, valores, conflitos etc.

Razões para o declínio dos testes projectivos:

1. A maior sofisticação criou um clima de cepticismo em relação a estes instrumentos. Em virtude da interpretação dos resultados dos testes projectivos ser subjectiva – baixo consenso entre juízes - a sua fiabilidade e a sua validade foram posto as em duvida (por numerosos estudos). Por exemplo uma meta-análise de mais de160 estudos (Garth, Floria e Grove, 1998) mostrou que o MMPI é muito mais válido do que o Rorschach.

2. As melhorias com os testes objectivos alternativos como o MMPI e outros testes objectivos, foram convencendo os clínicos que a informação que antes se conseguia comos estes projectivos se poderia obter com maior eficácia e menores custos utilizando os métodos objectivos.

3. No geral os testes projectivos estão excessivamente ligados a quadros teóricos ou a ramos da teoria psicanalítica

2. Testes subjectivos – Aqui fala-se sobretudo da entrevista clínica: o sujeito é a fonte dos dados, o material é semiestruturado, a resposta é voluntária. A tarefa consiste em que o sujeito descreva e classifique a si mesmo ou aos outros.

A análise dos dados faz-se através de procedimentos qualitativos ou quantitativos.

Nas entrevistas semiestruturadas o clínico ou investigador coloca questões padronizadas, a forma como este responde determina como a entrevista vai decorrendo bem como a informação que daí se retira.

A técnica das entrevistas clínicas semiestruturadas tem adquirido sofisticação a ponto de ganharem contornos de um teste objectivo. Tendendo a ter cada vez mais:

- uma organização estruturada,

- obedecer a requisitos de fiabilidade e validade,

- ser construída a partir dos conhecimentos de psicopatologia e psicologia clínica.

A International Personality Disorder Examination (IPDE), parece ser uma das mais interessantes entrevistas para avaliar as perturbações de personalidade, avalia seis aspectos: o trabalho, o Eu, as relações interpessoais, os afectos, a apreensão da realidade, o controlo de impulsos.

A técnica de Kelly (1955) o Role Construct Reportory Test para avaliar os constuctos pessoais que os sujeitos utilizam para definir e classificar e organizar o seu mundo também se insere neste âmbito.

Por vezes os testes projectivos aparecem também denominados como testes subjectivos

3. Testes objectivos – consistem no geral em pedir aos sujeitos que preencham eles próprios questionários. As respostas possíveis são limitadas: verdadeiro/falta ou situar-se numa escala de resposta de 5 ou mais pontos que vai por ex. desde concordo totalmente a discordo totalmente.

Estes testes têm as características:

Material estruturado

Estimulo não dissimulado

Respostas não voluntárias

Ex: MMPI, NEO-PI

Dentro destes podem ser incluindos os testes psicofisiológicos e neuropsicológicos, que aliás têm vindo a ganhar interesse e importância.

Avaliação da inteligência

Matrizes progressivas de Raven – acede à capacidade intelectual, de raciocínio através de um estímulo visual. Pretende-se que se infira uma regra em relação a uma colecção de elementos e que depois se utilize essa regra para perceber qual o item que se segue ou verificar se o item que é apresentado é legitimo.

Wechsler intelligence test ( WAIS-R para adultos; WISC para crianças em idade escolar; WPPSI-R para crianças no pré-escolar),

Kaufman Assessment Battery for Children (K-ABC)

Memória

Figura Complexa de Rey – aceder à actividade perceptiva e à memória visual

Benton Visual Retension Test-R – aceder à memória visual, percepção visual, capacidades visuo-construtivas

Avaliação da Personalidade

  • BDI - Inventário de Depressão de Beck
  • SCL90R - Questionário de 90 Sintomas
  • MMPI- Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota
  • Escala de Risco Suicidário de Stork para Adolescentes
  • Sensibilização para as Provas Gráficas e Temáticas para crianças – provas de desenho, CAT-A
  • Sensibilização para o Sistema Integrativo de Rorschach (SIR)
  • Sensibilização para o Teste de Apercepção Temática (TAT)
  • NEO-PI

A Entrevista

A entrevista pertence a um grupo de técnicas chamadas de auto-relatos.

A entrevista reúne um conjunto de características que a diferenciam claramente de outras modalidades de auto-relato como os diferentes tipos de questionários:

1. Adapta-se a qualquer contexto (clínico, escolar, investigação)

2. Pode diferir no nível de estruturação permitindo adaptar-se às circunstâncias de cada caso.

3. A participação pessoal do avaliador é fundamental, o que também acarreta vantagens e inconvenientes

4. Permite registar a comunicação não verbal

5. Constitui a técnica guia da avaliação, já que sendo a primeira a aplicar-se lhe permite estabelecer as primeiras hipóteses.

6. É uma técnica de utilização longitudinal, já que se utiliza ao longo de todo o processo de avaliação e inclusive do tratamento

Valle (1997) enumera um conjunto de aspectos comuns a quase todas as definições de entrevista:

1. Exige um encontro face a face de duas ou mais pessoas

2. Existe um propósito consciente, o que a diferencia de uma conversa informal ou casual

3. Existe uma distribuição de papéis, dado que uma parte pretende obter informação e outra a fornece. Esta relação pode ser vista como hierárquica, ou assimétrica, mas outros autores enfatizam a recíproca influência que entre as partes se estabelece. No âmbito da selecção de recursos humanos também se enfatiza o carácter bidireccional da comunicação já que o avaliador se serve da entrevista para informar o candidato de alguns aspectos do posto de trabalho e da organização que representa

4. Ênfase na troca verbal a que se junta a observação por parte do entrevistador de outros comportamentos não verbais

Tipos de entrevista tendo em conta o grau de estruturação

a) Entrevista não estruturada – o entrevistador tem total liberdade de explorar todas as áreas de avaliação que vai considerando oportunas, assim como o modo de apresentar as questões e o seu registo.

Sendo assim a experiência do entrevistador é fundamental para ir guiando a mesma em função do material que vai surgindo e dos temas que considere de maior interesse. Tem a vantagem de se poder adaptar a técnica a cada caso particular, assim como permite utilizar os recursos da experiência do técnico.

Tem a desvantagem de poderem ser passadas em branco aspectos importantes, ou realçar excessivamente temas que já à priori o entrevistador considerava importantes. Assim, dificulta o acordo entre entrevistadores e com isso a fiabilidade do instrumento.

b) Entrevista semiestruturada – neste caso o entrevistador ajusta-se a um guião de conteúdos que deve explorar obrigatoriamente. Mantém ainda assim uma ampla margem de manobra na forma concreta de abordar e de verbalizar as questões, a sua sequência etc. Garantindo-se que os conteúdos são abordados, tenta-se equilibrar a vantagem de uma certa flexibilidade com a desvantagem da menor fiabilidade em relação a entrevistas mais estruturadas.

c) Entrevista estruturada – a estruturação pode dizer respeito à especificação prévia das áreas de informação que se devem explorar ou aspectos a avaliar, ou pode dizer respeito à sequência dos próprios termos em que se colocam as questões. Se todo estiver preestabelecido pode-se falar de uma entrevista totalmente estruturada. Nesse caso o entrevistador é um mero aplicador de um instrumento, perfeitamente substituível

Um outro critério de classificação é por finalidade da entrevista

1. Entrevista inicial ou de contacto: Quando o avaliador enfrenta pela primeira vez face a face o avaliado – é possível que já disponha de alguma informação prévia. O objectivo essencial é a identificação do sujeito e do problema que o leva a procurar ajuda

2. Entrevista de anamnese centrada na reconstrução histórica dos aspectos relevantes da história de vida do sujeito . Inclui a história do problema, da queixa.

3. Entrevista de planificação: seria a sessão em que se discutiriam as possibilidades de intervenção, os objectivos a conseguir, estratégias terapêuticas e cronologia do processo. É uma sessão que pode ter um profundo efeito motivador na medida em que se estabelece ou negoceia passos do processo e prazos para o mesmo. Portanto o cliente vê uma luz ao fundo do túnel.

4. Entrevista terapêutica: a entrevista deve ser ela mesma utilizada, não só para obter informação, mas também para fins terapêuticos. Estas decorrem normalmente ao longo de muitas sessões sob um quadro teórico humanista, psicodinâmico etc. Muitas vezes verifica-se que qualquer um dos outros tipos de entrevista já é em si terapêutico. A “simples” disponibilização de informação constitui muitas vezes um alivio de sintomas “parece que alguma coisa já mudou”. Sem que, no entanto, se tenha trabalhado, especificamente a problemática do cliente.

Tendo em conta o critério por ÁREAS DE INTERVENÇÃO

Entrevista Clínica

Como forma de avaliação dos problemas psicológicos tem as suas origens na medicina e na psiquiatria, sendo assim a anamnese e a história clínica configuram e estruturam uma prática que permitia ao profissional situar-se na história de saúde da pessoa e suas circunstâncias de vida.

Definição: conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, que utiliza conhecimentos psicológicos, numa relação profissional, com o objectivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistémicos, num processo que visa propor recomendações ou intervenções em benefício das pessoas entrevistadas (Tavares, 2000).

Por técnica entende-se o conjunto de procedimentos que possibilitam investigar os temas em questão

Por investigação, por seu lado, permite alcançar os objectivos da entrevista que são descrever e avaliar, o que pressupõe o levantamento de informações, a partir das quais se torna possível estabelecer conclusões e tomar decisões.

É parte de um processo que é um processo de avaliação que pode ocorrer em apenas uma sessão e ser dirigido para fazer um encaminhamento, ou a definir os objectivos de um processo psicoterapêutico

Tem a característica de ser dirigida mesmo nas entrevistas pouco estruturadas é necessário o reconhecimento, pelo avaliador, dos seus objectivos.

A entrevista clínica é um instrumento poderoso, é o único capaz de se adaptar à diversidade de situações clínicas relevantes e de fazer explicitar particularidades que escapam a outros procedimentos estandardizados.

A entrevista clínica presta-se pouco a ser estruturada já que se pretende conhecer a pessoa em profundidade, a entrevista clínica precisa de espaço para as manifestações individuais e exige conhecimentos e habilidade para o entrevistador conduzir adequadamente o processo que é sempre único.

Conteúdos da entrevista clínica:

1. Perturbações principais (queixas, dificuldades)

2. História clínica ou história do problema (s) actual

3. História pessoal

i. História social

ii. História familiar

iii. História médica

4. Estado mental

A História Clínica

Caracterizar a emergência de sintomas ou de mudanças comportamentais, numa determinada época e a sua evolução até ao momento actual

História Pessoal (Anamnese)

Reconstituição global da vida do cliente, em que a problemática actual se enquadra e adquire significado

Esta reconstituição pode ser mais focalizada tendo em conta os objectivos da avaliação e a problemática actual ou mais exaustiva, com precisão cronológica

Contexto familiar – utilidade da construção de um genograma. Importância de esclarecer o contexto familiar na altura da concepção, do parto e da primeira infância.

Como a mãe aceitou a gravidez? Foi desejado? Que histórias se contam na sua família?

Com quem ficou a viver? Com os avôs! E os pais onde estavam? Emigraram para França!

Quando começou a falar? Quando começou a andar?

Entre os 3 e onze anos

Foi para a pré-primária? Como foi isso?

Como ocorreu a experiência de separação?

Como foi a integração na escola? Nos grupos? O Desempenho escolar?

Pré-puberdade, puberdade e adolescência

Relações sociais mais importantes – facilidade em estabelecer e manter relações?

Grau de intimidade nas amizades?

Papel desempenhado nos grupos?

Relacionamento com o sexo aposto, a questão da sexualidade

Estado mental

1. Aspecto, atitude e actividade

2. Humor e emoções

3. Discurso e linguagem

4. Alterações formais de pensamento, conteúdo do pensamento e percepção

5. Cognição

6. Insight e juízo crítico

1. Aspecto, atitude e actividade

O aspecto refere-se às características físicas do doente:

Nível de consciência ou estado de alerta,

idade aparente,

tipo corporal, posição e postura,

anomalias ou deficiências físicas,

modo de vestir,

higiene,

contacto com o olhar

Nível de consciência ou estado de alerta: descreve o nível de vigília do doente: se está acordado, vígil, se responde a estímulos, se presta a tenção ao avaliador ou se é hiperalerta (ansiosamente atento, não relaxado, assustado

O aspecto pode, no entanto, dar pistas sobre o humor, envelhecimento, estado cognitivo, perturbação motora e estado geral.

A atitude refere-se à forma como o doente enfrenta a entrevista e interage com o avaliador:

Cooperante ou não cooperante,

Hostil,

Retraído,

Desconfiado,

Demasiado intimo,

Resistente,

Manipulador,

Atitudes de clivagem

A atitude afecta os dados que são conseguidos e é um prognóstico da qualidade futura das interacções com os profissionais de saúde.

A atitude pode variar durante a entrevista, tornando-se menos ou mais tensa e ansiosa à medida que a relação terapêutica se vai construindo ou destruindo.

A actividade refere-se ao nível e qualidade dos movimentos do doente:

Não conseguir estar quieto ou praticamente não se mexer,

Ter movimentos anormais – o que pode sugerir problemas neurológicos

2. Humor e emoções

O humor refere-se ao conjunto de emoções predominantes numa pessoa num determinado momento, portanto estado emocional consistente e mantido, que varia mais provavelmente em horas, dias ou semanas do que em minutos

por seu lado

As emoções dizem respeito à manifestação externa e dinâmica do estado afectivo interno, portanto, expressão momentânea de cada sentimento

A depressão e a mania são duas perturbações psiquiátricas que se caracterizam pela alteração de humor e de emoções

O humor é geralmente descrito no exame do estado mental de forma concisa e, se possível, utilizando as palavras do doente: “o doente refere-se sentir-se “apavorado”, ou “diz sentir-se no “topo do mundo”

O humor é descrito utilizando seis categorias: eutímico, disfórico, eufórico, irritado, ansioso e apático

3. Discurso e linguagem

5. Alterações formais de pensamento, conteúdo do pensamento e percepção

6. Cognição

7. Insight e juízo crítico

Qualidades do Entrevistador

  1. Estar inteiramente disponível para o outro durante a sessão, sem interferências de questões pessoais
  2. ser empático de forma a ajudar o cliente a sentir-se à vontade para que a aliança terapêutica seja construída
  3. facilitar a expressão dos motivos da consulta e do pedido de ajuda
  4. saber de forma empática confrontar o cliente com as suas contradições, as esquivas, a abordagem vaga das questões – saber respeitar o tempo do cliente, é o tempo do cliente que importa
  5. Estar confortável perante todos os temas possíveis, alguns delicados, abordados na consulta, capazes de evocar emoções intensas.
  6. Reconhecer as defesas e os processos de transferência
  7. Estar consciente dos seus próprios processos contratransferenciais – ter feito muito trabalho sobre si mesmo – procurar supervisão
  8. Ser capaz de lidar com os silêncios
  9. Ser capaz de tomar a iniciativa nos momentos de impasse